Era uma vez um Upload - Article by João Pescada

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Era uma vez um Upload

19th November, 2009

5 min read
👮‍♂️ This is an old article, that I keep online just for reference. Some links may be broken.

This article is about a Portuguese event, therefore it’s written only in Portuguese.

Decorreu no passado sábado, 14 de Novembro, o evento Upload – 2.0 meeting. Um evento de cariz nacional que juntou estudantes, profissionais e interessados nas áreas de Comunicação, Marketing e Relações Públicas para promover a discussão e interacção sobre a Web 2.0, a um custo acessível a muitas bolsas.

Atendendo aos assuntos discutidos no evento e ao facto de ter conseguido juntar mais de 250 participantes num espaço fechado, durante um dia inteiro (com pausas para almoço e coffee breaks, claro!) para ouvir 11 oradores e 3 moderadores — e tendo lido algumas opiniões de participantes —, julgo ser seguro afirmar que o evento foi um sucesso.

Vou directo a um assunto que mais opiniões gerou e continua a gerar: o painel projectado da hashtag do evento no Twitter (#uploadlx) que esteve presente no palco.
De modo geral, veio acrescentar valor às apresentações que iam decorrendo no palco, transmitido em tempo real o feedback da audiência e complementando alguns conteúdos com mais informações. No entanto, por vezes deu-se largas à imaginação em demasia, revelando-se alguma imaturidade da plateia, tendo até roçado a falta de respeito pelo trabalho do orador.
Para efeitos de medição da receptividade do público a cada apresentação, terá funcionado lindamente:
– Quando o público estava interessado, haviam poucos tweets e eram, na maioria, complementares aos conteúdos em foco no momento;
– Quando o público perdia o interesse, os tweets disparavam em larga escala e nas mais diversas direcções!
Em próximas edições do evento, julgo que será benéfico os oradores terem acesso visual ao painel, de forma a receberem feedback e poderem reagir ao mesmo, tornando-se assim a experiência realmente interactiva.

Avanço agora para uma pequena revisão / análise de cada orador / apresentação.

Ricardo Teixeira: depois de uma abordagem pelos conceitos web 1.0 “find me” / 2.0 “join me” / 3.0 “follow me”, veio falar na relação entre marcas e consumidores na web. Mas talvez por ter sido o primeiro orador do evento, ou só pelo facto do meu cérebro estar a “meio gás” naquela altura, acabei por não ter dado a atenção devida ao valioso conhecimento partilhado. Shame on me!

Luís Rasquilha: bem humorado, bom comunicador e sempre “a 200″, expôs tendências no panorama actual da web. Cedo manifestou ser conhecedor do mercado onde se encontra, mas que também é o seu negócio e, como tal, nem toda a informação poderia ser revelada num evento público. Falando em tendências, logicamente a indústria do sexo / pornográfica tinha de vir à baila, e vários foram os exemplos apresentados onde esta tendência se encontra bem expressa. Acordou e cativou rapidamente toda a plateia.

Durante as perguntas e respostas deste painel, foi discutida a genuinidade e necessidade de transparência na utilização de redes sociais por marcas / instituições / organizações e afins.

Armando Alves: levou ao evento uma apresentação pragmática, bem estruturada e rica em conteúdo. Questionou a real utilidade de muita tecnologia utilizada como ferramenta de marketing, sem que exista uma ideia ou conceito sólido a suportá-la. Revelou preferir o conceito Web Social ao genérico Social Media. Por fim, falou na importância de definir métricas específicas por projecto / campanha de forma a avaliar o real sucesso da mesma.

Rodrigo Moita de Deus: trouxe ao evento um momento ao estilo stand-up comedy, para falar de marketing político na web. Apontou defeitos e soluções na comunicação política online. Entre bastante humor, transmitiu várias ideias passíveis de serem aplicadas não apenas à política, mas também às marcas / empresas em geral que pretendem presença / retorno da web.

Sérgio Bastos: com dados estatísticos e exemplos muito interessantes, especialmente para PME’s, devolveu uma apresentação com base em muita pesquisa. No entanto, a falta de qualidades de orador, fez com que perdesse a atenção de grande parte da plateia praticamente desde o início do discurso. Foi o primeiro orador após o almoço, e talvez este facto tenha também contribuído para a falta de atenção do público.

Filipe Carrera: saltou para a frente do palco, e acordou a plateia adormecida, arrancando aplausos pelo meio. Deu umas “pinceladas à impressionista” por exemplos de sucesso de produção de conteúdos / utilização de ferramentas na web 2.0. Depois da entrada triunfal, a apresentação esmoreceu e assim se manteve até ao final, mas nem por isso os conteúdos deixaram de ser interessantes.

Daniel Caeiro e Flávia Paluello: a representar a Torke e marketing de guerrilha. O Daniel demonstrou boa capacidade de comunicação, depressa cativando a atenção do público e aproveitando alguma técnica de guerrilha, infiltrou provocação entre os conteúdos. Falou da gestão da presença de marcas em Social Media (ou “xoxial media” como proferiu algumas vezes) e da necessidade de transparência na comunicação. Perdeu pontos junto da audiência ao mostrar, como exemplo do portfolio, a acção MySpace Portugal que roçou publicidade enganosa.

Fernando Baptista: relembrou o que é “ser social” e que a presença de marcas em redes sociais deve ser regida pelos mesmos princípios básicos das relações interpessoais. Da mesma forma reforçou a importância de marcas / empresas usarem várias agências (relações públicas, media, digital, etc), cada uma com um objectivo específico, e colocá-las em conversação sincronizada o mais cedo possível.

Vasco Trigo: depois de mais uma breve abordagem sobre a história do universo em geral e da internet em particular, fez uma passagem pelo futuro, definindo o conceito web 3.0 como “a web das coisas”. Falou de ética na produção de conteúdos online e da responsabilidade dos jornalistas na contribuição para um futuro mais semântico de modo a reforçar a autenticidade da informação disponível. Teve ainda tempo para uma chicotada política, pena o facto da audiência já estar reduzida nesta altura. Foi quase um Magazine 2001 / 2010 (RTP2) em directo, como foi referido várias vezes.

Paulo Querido: trouxe uma apresentação visualmente original. Falou da evolução da internet, com alguma “previsão” do futuro sobre o conceito web 3.0, sob o termo “web líquida”. Tendo sido a última apresentação do dia, foi prejudicado por vir repetir muita informação já discutida ao longo do dia e pela fraca assistência do público, que nesta fase já estava reduzido a cerca de metade. Foi dos poucos oradores que tentou interagir com o publico lendo o feedback no painel do Twitter, acabando por ter de desistir a fim de não se perder na linha da sua apresentação. Demonstrou conhecimento e um trabalho consistente de pesquisa / preparação.

Nota final para a promoção de hábitos de leitura e partilha de conhecimento em papel, que a organização levou a cabo com a oferta de livros em “troca” de inscrições e ainda uma iniciativa de bookcrossing (troca de livros) entre os participantes. Ambas as iniciativas são de louvar, mas fica a sugestão de limitar o tema para bookcrossing, pois embora a variedade fosse muita, não interessava a todos os participantes, e assim no final alguns levaram de volta o livro que entregaram no início.

Reforço novamente a nota positiva que todo o evento merece. O sucesso do evento foi resultado da boa interacção entre todos os intervenientes.

Deste modo: parabéns à organização, oradores, moderadores e aos participantes!

P.S.: Agora… ficaram no ar duas questões: quando e onde será o próximo Upload?

Foto de Seegno.